Frente de Agile |
UPDATE: Confira a avaliação completa do Chevrolet Cobalt LTZ.
Próximo ao carro pude perceber como ele é muito mais agradável e jeitoso ao vivo do que nas fotos que já havia visto na internet ou em revistas. A frente é muito parecida com a desproporcional frente do Agile, mas exceto os faróis grandes em demasia, o restante ficou proporcional à maior largura do Cobalt, resultando em um conjunto mais harmônico.
A linha de cintura do carro é alta e passa a impressão de ser um carro de categoria superior, assim como a curvatura do teto na traseira para a tampa do porta-malas, idêntica à do finado Vectra. O desenho da tampa lembra mais o Vectra conforme vai em direção ao para-choque traseiro, sem a faixa cromada de gosto duvidoso, que no Cobalt passou para o para-choque, acima da "boca" que abriga a placa.
Bela traseira, melhor ao vivo. |
Bonitas rodas de aro 15" e liga leve são emolduradas por pneus "verdes" 195/65 R15. Notem como o perfil do pneu é alto, o que deve se traduzir em uma suavidade tremenda ao rodar.
Internamente o carro agrada mais ainda. Os bancos são confortáveis e apóiam bem o corpo, com boa densidade da espuma e dando a impressão que não cansariam o motorista em uma viagem longa. A regulagem de inclinação do encosto é do lado esquerdo e usa alavanca, complicadas de serem operadas com a porta fechada por alguém que esteja usando relógio e tenha uma mão grande. Também não são muito práticas na tarefa de encontrar a posição correta, mas não são tão imprecisas como as alavancas da Fiat, por exemplo.
Painel bonito e bem resolvido. |
O volante é muito bom, com desenho similar ao do Cruze, mas sem os botões de controle do rádio e cruise control (que devia ser oferecido). Com expessura e textura muito boas, esse é um daqueles volantes que nos dá mais prazer ao dirigir. O tamanho também é correto. A regulagem é apenas de altura, mas possui uma boa amplitude. Não senti necessidade de regulagem de profundidade no meu caso.
Há uma linha que segue das portas até a parte superior do painel, dando uma sensação de refinamento ao interior, apesar do uso de plásticos duros. Nas portas também há muito plástico, mas com boa qualidade de montagem. A ergonomia é correta, com quase todos os comandos à mão, exceto a regulagem dos retrovisores elétricos (aonde ficaria a regulagem manual), que obriga o motorista a se inclinar para a frente.
O carro possui vários porta-objetos, dois porta-garrafas enormes nas portas e outros dois porta-copos de verdade no console, ao lado da alavanca de freio de mão. Atrás desdes há ainda outro porta-objetos bem grande.
Não há spots de leitura nem espelho no para-sol do motorista. Também não há iluminação do espelho no para-sol do passageiro, uma falha meio imperdoável para um carro de quase R$ 50.000. Só quem já dirigiu com a companheira se maquiando à noite no banco do passageiro sabe como uma iluminação individual para o passageiro é útil.
Gostei muito do rádio, double din, com um display que aparenta ser simples, mas é completo e possui uma iluminação correta, bem como uma disposição gráfica intuitiva e de bom gosto. Os botões são grandes e oferecem facilidade de operação. Há entrada USB e auxiliar, sendo que estas ficam localizadas no console, à frente do câmbio.
A alavanca de câmbio possui tamanho correto e operação suave, assim como a direção hidráulica que também se mostrou bastante leve, mediante esterçamento feito com o carro parado.
Os comandos do ar-condicionado analógico são bem acabados e de acionamento suave. Felizmente as saídas de ar fogem do desagradável padrão circular adotado hoje em dia por carros de baixo custo. Com o ventilador do ar-condicionado no máximo, o ruído é alto mas aceitável.
Um ponto que agrada bastante é o painel de instrumentos, na coloração ice blue, utilizada também no Agile. O conta-giros à esquerda é excelente, e além disso há um display digital que reúne o velocímetro (de bom tamanho), hodômetro e informações do computador de bordo, que possui apenas 4 funções (autonomia, consumo médio, hora e velocidade média) mas é suficiente. As operações deste são feitas pela haste da esquerda na coluna de direção. A haste da direita opera o limpador/lavador do vidro dianteiro. O acionamento dos faróis é feito à esquerda, por um botão giratório.
A visibilidade do carro é muito boa, os retrovisores externos são de bom tamanho e cobrem bem o tamanho do carro. O retrovisor interno é bom mas não faz milagres com a traseira alta e as largas colunas traseiras, mas não traz maiores dificuldades. Infelizmente o sensor de estacionamento não está presente nem como opcional, mas a sua instalação é mais do que recomendada, as pilastras agradecem.
Quanto ao espaço, motoristas de qualquer tamanho se posicionam confortavelmente no Cobalt. Eu pude me posicionar sem esbarrar o joelho em lugar nenhum, assim como minha cabeça esteve sempre bem longe do teto e meus ombros a uma distância correta da porta. No banco do passageiro o espaço também é amplo. As portas dianteiras possuem bom ângulo de abertura e peso correto, além de fecharem com suavidade, mas sem o recurso de descer dois dedos da janela, presente nos Chevrolet da geração anterior.
Já na traseira, que maravilha. Mesmo sentado atrás do banco que estava regulado para mim, sobrou espaço para as pernas. Minha cabeça ficou a três dedos do teto e longe da coluna lateral. Os bancos são igualmente confortáveis, bem como a altura do assento é boa. As portas são amplas e igualmente leves, tornando o banco traseiro um lugar agradável para duas pessoas viajarem. Uma terceira pessoa também cabe, desde que seja pequena e não ligue para a segurança, pois não há apoio de cabeça central nem cinto de três pontos.
No porta-malas há um latifúndio. São 563 litros de capacidade, além disso o banco traseiro é bipartido, facilitando a tarefa de organizar a bagagem de toda a família na viagem do feriadão. O estepe (mais fino, T115/70 R16) dorme dentro, como deve ser. Não há articulações pantográficas, mas devido à profundidade do porta-malas, isso não é um problema tão grande.
Cabe muita coisa aí, acredite. |
O carro possui um tanque de 58 litros, o que permite uma boa autonomia para quem gosta de viajar com o pé "em cima". Mas infelizmente o motor 1.4 Econo.Flex de 102 cv @ 6200 RPM e 13 kgmf @ 3200 RPM pode não seu maior amigo na tarefa de viajar longos quilômetros sem abastecer. Com 1073 kg e um Cx de 0,32, a potência é até aceitável, mas o torque baixo irá obrigar o motorista a reduzir marcha e subir o giro sem dó para dispor de força em subidas e ultrapassagens.
Acredito que um motor maior ou um cabeçote multiválvulas pudesse ser a escolha mais adequada ao modelo. Porém, não farei mais julgamentos sobre o desempenho visto que o modelo ainda não estava disponível para test drive. De qualquer forma, assim que eu der umas voltas com o Cobalt, deixarei minhas impressões aqui.
No geral, é um carro muito bom. Pelo preço que custa, o Cobalt oferece um bom nível de equipamentos e um excelente espaço interno, sem descuidar do visual como acontece com o Logan. Exceto pela semelhança com o Agile (apenas na dianteira e nada mais), é um carro com plataforma relativamente moderna para os nossos padrões (GSV, derivada do Corsa D, que não veio para o Brasil), com bom padrão de qualidade e boas soluções para os ocupantes.
Montado com pintura metálica (R$ 46.883), o Cobalt LTZ custa mais do que o Logan Expression mais completo e equipado no mesmo nível, com motor 1.6 (R$ 41.510 e possui motor 1.6 com 95 cv e 14,2 kgfm de torque). Só que o Cobalt te faz se sentir em um carro novo de verdade, ao contrário do Logan que possui design do século passado.
Seu maior concorrente é o Nissan Versa SL, que custa R$ 42.990 e é dotado de um eficiente motor 1.6 16V com 111 cv e 15,1 kgfm de torque, com bom compromisso entre desempenho e consumo. Além disso possui uma plataforma moderna como a do Cobalt (a mesma do Nissan March, só que alongada), mas o carro é menos refinado no acabamento e mais estreito, herança do March. Além disso a direção é elétrica. Porém, o carro da Nissan é visualmente mais desajeitado que o Cobalt. Um outro ponto a favor do Cobalt é a tradição da Chevrolet junto aos consumidores brasileiros, algo que a Nissan vem tentando buscar aos poucos.
Se eu compraria um Cobalt? Talvez. Apesar de não precisar de um carro deste tamanho, é um carro honesto. Só precisa de um motor mais forte.
Marcelo Silva
Crédito das fotos: Todas
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