Impressões: VW Golf Sportline 1.6 Limited Edition 2012

Entrei na concessionária VW interessado em um Polo I-Motion, para fazer um test-drive e publicar as impressões aqui no blog. Porém, conversa vai, conversa vem, eu já estava quase convencido a comprar um Polo Sportline I-Motion e não aparecia o tal carro para test drive. Foi quando fui informado que havia um VW Golf Sportline 1.6 no pátio, com teto solar e os outros opcionais que eu havia pedido no Polo, exceto, é claro, o câmbio ASG automatizado. Como blogueiro automotivo não perde matéria, aceitei olhar o Golf.

Edição Limitada, bem limitada. Foto: Divulgação

Este Golf à venda no Brasil faz parte da geração IV do modelo, sendo que outros mercados pelo mundo já podem desfrutar da sexta geração. De 1998, quando chegou, até hoje, o Golf Mark IV passou por poucas modificações e um único facelift, que persiste até hoje e deverá permanecer até o modelo ser substituído pela sétima geração, que pode ser fabricada aqui.

A Limited Edition é baseada no Golf Sportline 1.6 com câmbio manual e foi lançada em novembro do ano passado, com produção prevista por 6 meses. O motor é o mesmo EA-111 flex que equipa muitos outros carros da linha VW: Gol, Fox/Crossfox/Spacefox, Polo, Voyage e Saveiro. A caixa de câmbio é a deliciosa MQ 200 de engates perfeitos, que faz qualquer motorista "desaprender" a utilizar câmbios de outras montadoras.

Ao se aproximar do Golf, tem-se a real impressão de estar diante de um carro do século passado. A linha de cintura é baixa, as janelas são grandes e as linhas são bem conservadoras (óbvio, são alemãs). De qualquer forma, há impressão de qualidade por todos os lados. No interior, as linhas do painel são as mesmas de 1998, e graças à usual sobriedade, não são muito antiquadas perto das linhas do painel dos novos VW.

Mesmo painel de sempre. Foto: Divulgação

Os bancos de couro são estreitos, com bom apoio lateral. Para alcançar uma boa posição de dirigir, precisei jogar o banco muito para trás, deixando o espaço traseiro bem exíguo. Achei também que o banco do motorista poderia descer mais. Mesmo na posição mínima de altura, continuei me sentindo nas alturas, principalmente em relação ao Polo ou Gol. O volante é uma delícia, merecia um capítulo à parte. Achatado na base, com a grossura ideal e uma pegada impecável. Pena que não traz os comandos do rádio/I-System.

Esta versão é equipada com o ar-condicionado digital Climatronic, que refrescou bem a cabine diante do calor de 35º C que torrava o Rio de Janeiro. O teto solar elétrico é um luxo, que também ajudou a mandar pra fora o ar quente da cabine quando na posição basculante. Há bons arremates por toda parte, porta-copos entre os bancos dianteiros e apoio de braço. As pedaleiras de alumínio são de bom gosto, transmitindo esportividade.

Aciono o câmbio para iniciar marcha e sou agraciado com uma embreagem macia e de curso moderado, além de um acelerador eletrônico progressivo e bem calibrado. Manobrar é moleza com esse Golf, a visibilidade é boa, os retrovisores possuem bom tamanho e, para trás, há ainda o recurso de "auto tilt down" do retrovisor direito, que ajuda a não permitir que as belas rodas de 16" sejam raladas no meio-fio.

Teto solar de série. Foto: Divulgação

Ao abrir o sinal, piso fundo no acelerador e o Golf responde até com certo vigor, apesar da massa de 1211 kg do veículo estar um pouco além do que o motor EA-111 - com seus 104 cv e 15,6 kgfm - pode carregar (por sinal o torque está errado na ficha técnica do site da VW). O bom torque em baixa e o câmbio bem escalonado contribuem para a tarefa de deixar o Golf agradável no trânsito urbano. Na estrada, talvez a baixa potência possa fazer com que o hatch fique meio desanimado, mas é só utilizar o cruise control (de série) para regular a velocidade em 100 km/h e curtir o passeio.

Como eu já esperava, as respostas da direção são imediatas, é só ordenar e o carro vai. A suspensão tem uma calibragem boa, os buracos pouco são sentidos no interior do veículo, além do silêncio a bordo ser excelente. Isso mostra como o projeto do Golf Mk IV é bom e há muita qualidade em seus 4,20 m de comprimento, 1,46 m de altura, 1,73 m de largura e 2,51 m de entre-eixos. Por sinal, parte da culpa pelo espaço ruim na traseira vem do entre-eixos pequeno deste carro. É apenas 5 cm maior do que no Gol.

Infelizmente o percurso foi pequeno e não deu para testar o elogiado comportamento dinâmico do Golf. Sobre os freios, digo que são excelentes. À disco nas quatro rodas, possuem boa resposta e o pedal tem uma modulação perfeita, digna de carros superiores. O consumo nesse curto período ficou em obscenos 5,6 km/l, de acordo com o computador de bordo. Porém o carro sequer tinha 100 km rodados e eu não sei o que tinha no tanque.

Foto: Divulgação

Retornando à concessionária, chegou a hora de ouvir o preço do carro. Nada mais, nada menos do que R$ 62.450,00. É definitivamente um preço alto demais para um carro que, apesar de bom, é o mesmo modelo de 1998, com alguma maquiagem a mais e uma ou outra alteração mecânica de pouca importância.

Para comprar um Golf por esse preço, só se a pessoa for um fã incondicional do modelo ou não tiver escolha de compra. Como eu nem sou tão fã assim, abri um sorriso amarelo e fui embora.


Resumindo...

O carro é bom em comportamento dinâmico e equipamentos de série, mas é ruim em espaço interno, modernidade do projeto, preço, motor e desempenho. Sua compra pode ser considerada EMOCIONAL.

Marcelo Silva