domingo, 1 de janeiro de 2012

Segurança Ativa, o que é e como usar?

Recentemente foi lançado no mercado brasileiro o Nissan March, um projeto novo, com foco em um excelente  custo x benefício e sendo responsável por alavancar as vendas da Nissan, fazendo com que o "primeiro carro japonês" esteja mais acessível. Inclusive é mencionado nas campanhas de marketing, que a "segurança" agora é para todos, uma vez que o compacto vem com airbag duplo frontal de série.

Nissan March, segurança (passiva) para todos. Foto: Divulgação.



Sem entrar no mérito dos recentes crash tests feitos pelo Latin NCAP, já que carro não é feito para bater, acho questionável a proposta de um carro auto-denominado seguro que apresenta apenas itens de segurança passiva, ou seja, só irão te proteger depois que você bater.

Mas não é culpa exclusiva da Nissan. Aqui no mercado brasileiro já tivemos (e ainda temos) outros exemplos de carros que oferecem apenas airbag duplo e usam o apelo da segurança para vender seus carros. Infelizmente o consumidor é pouco exigente e pouco informado, então este acaba levando a culpa.

O carro pode trazer 6, 10 ou 20 airbags, por todos os lados, e sem dúvida irá lhe fornecer segurança passiva no caso de um impacto. Mas quem disse que alguém quer bater? Um acidente de trânsito causa inúmeros transtornos, tanto para os envolvidos diretamente quanto para os que se envolvem indiretamente. Logo, nada melhor evitar. Um típico exemplo da vantagem de prevenir sobre remediar, sendo a segurança ativa tida como prevenção e a segurança passiva tida como remédio.

Voltando ao Nissan March, ele foi vendido no mercado brasileiro apenas com airbag duplo, sem a oferta de freios com sistema ABS, sequer como opcional. A Kia quase cometeu o mesmo erro, com o Picanto. Outras montadoras cansaram de cometer o mesmo erro, vide o Ford Ka, o finado Chevrolet Astra, e por aí vai.

O consumidor deveria exigir itens de segurança ativa em seus carros, em conjunto com a segurança passiva, claro, mas com mais foco no primeiro tipo. Pesa sobre nós a falta de informações claras sobre a importância de itens como freios com sistema anti-travamento (ABS), controle de estabilidade (ESP), controle de tração, etc. O conjunto desses sistemas pode fazer a diferença em uma situação de emergência, até para motoristas experientes. Deixo abaixo uma breve descrição de cada um, com uma linguagem fácil de entender:

ABS, qual a função?




É responsável por evitar que as rodas fiquem travadas em uma frenagem. Em um carro sem ABS, quando pisamos forte no freio em uma emergência, as rodas dianteiras ficam travadas e o carro escorrega em linha reta, mesmo que o motorista vire o volante para os lados. Essa situação é agravada em pisos escorregadios. Com o ABS, as rodas não ficam travadas, mas a eficiência de frenagem é igual (ou melhor), sendo possível ao motorista desviar o carro e manter o controle.

ABS, como usar?

Quando entra em funcionamento, o ABS faz com que o pedal de freio inicie uma trepidação, o que é absolutamente normal, apesar de ser mais evidente em alguns carros do que outros. O motorista não deve se preocupar com essa trepidação e continuar pressionando o pedal de freio com força e até o fundo. Muitos acidentes em carros com ABS ocorrem pelo fato do motorista se preocupar com a trepidação e aliviar o pé, ou então caso o motorista tenha medo de quebrar o pedal de freio, o que não ocorre.

ESP, qual a função?

Voltando à situação acima do ABS, digamos que você está dirigindo na chuva em uma estrada de mão dupla e, repentinamente, se depara com um animal na pista. Você pisa no freio do seu carro, gira o volante para o lado, desviando com sucesso do animal, mas para evitar o choque com um carro no sentido contrário, você gira o volante para o outro lado com força, visando voltar para a sua pista. O problema é que diante dessa situação, se a sorte estiver de férias, o carro irá derrapar, podendo ficar fora de controle, causando um acidente. O ESP funciona de forma a evitar essa derrapagem, distribuindo a força de frenagem individualmente entre as quatro rodas, mantendo o carro sob controle.

ESP, como usar?

Apesar do ESP evitar derrapagens, ainda não atualizaram o ESP suficientemente para que ele anule as leis da Física, portanto convém utilizar o carro com ESP da mesma forma que você utilizaria um carro sem ESP, evitando abusar da velocidade e da imprudência. A ação do ESP é indicada por uma luz espia no painel, com o ícone de um carro derrapando.

Controle de Tração, qual a função?

Voltando à situação do animal na pista, você freou e foi ajudado pelo ABS, desviou e foi ajudado pelo ESP, mas digamos que seu carro tenha bastante força ou o seu pé seja meio pesado, e no momento da manobra, você acabou acelerando demais, e já que a sorte ainda não voltou das férias, você causou uma perda de tração nas rodas que movem o carro, sejam as dianteiras ou traseiras, tornando quase impossível o trabalho do ESP. É aí que entra em ação o Controle de Tração, anulando parcial ou completamente a aceleração, evitando a perda de contato dos pneus com o solo por uma aceleração brusca.

Controle de Tração, como usar?

Assim como o ESP, convém ao motorista não abusar da boa vontade das leis da Física, evitando acelerações bruscas e desnecessárias, principalmente em curvas. O correto é acelerar de forma gradual sempre que estiver em curvas ou quando estiver utilizando marchas de força. A ação do Controle de Tração pode ser indicada por uma luz no painel ou não.

Ou seja, recapitulando. Estrada de mão dupla, chuva, um animal entra na frente, você freia e o ABS te ajuda a conseguir desviar do animal. Então você gira o volante pro outro lado voltando para a sua pista, com a ajuda do ESP para não derrapar e, por fim, quando você acelera, o Controle de Tração evita que o carro saia do controle. Simples assim.

Infelizmente são pouquíssimos os carros no mercado brasileiro que possuem todos esses itens a um custo acessível para a maioria da população. Os mais baratos são o Fiat 500 Cult, que sai por R$ 39.900. Acima deste, há o Ford New Fiesta, que oferece os itens em sua versão intermediária, por R$ 51.950. Daí pra cima, só na faixa dos R$ 60 mil em diante que encontramos mais carros equipados com esses itens, mesmo assim a maioria só em suas versões mais completas.

Em 2014 os carros brasileiros serão obrigados a oferecer ABS e airbags de série. Enquanto isso, nos EUA e na Europa o ESP já será item obrigatório. Será que não é a hora do consumidor brasileiro se mobilizar para obrigar as montadoras a oferecer o ESP também a partir de 2014?

Marcelo Silva

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