Cheguei. |
Uma famosa lanchonete oferece uma série de opções de lanches fast food em seu cardápio, podendo o guloso cliente inclusive aumentar a quantidade de carnes em seu hamburguer, de forma ilimitada, de acordo com o seu bolso ou a disposição do seu estômago. E essa variedade pode deixar confuso alguém que não conhece a rede, mas para os iniciados, é só chegar lá e pedir. Quem vai a essa lanchonete sabe o que quer.
O mesmo acontece no mercado de hatches médios aqui no Brasil. Apesar da variedade de modelos, o comprador de um desses veículos chega na loja sabendo mais do que o vendedor. Quantidade de itens de série é informação obtida por quem compra um popular equipado. O comprador típico de um hatch médio chega na loja sabendo explicar porque a distribuição de peso 60/40 do modelo X seria mais adequada à suspensão traseira multibraço do modelo Y.
Eu sou atraente. |
Apostando em preços altos e na boa impressão deixada pelo Cruze "tiozão", a Chevrolet traz o Cruze Sport6 para matar a fome daqueles que ainda sentem água na boca quando um Vectra GT passa por eles. Mas é bom pedir um copo maior de refrigerante, pois a montadora americana caprichou no sal ao definir os preços da novidade: vai dos R$ 64.900 (LT manual) aos R$ 79.400 (LTZ automático).
Suas dimensões ficam em 4,51 m de comprimento, 1,48 m de altura, 1,79m de largura e 2,69 m de entre-eixos. Quando você chegar com a novidade na garagem, a vizinhança vai pensar se tratar de um Cruze sedã, afinal, da dianteira até metade do carro, nada muda. Já na traseira, a lipoaspiração de 8 cm na região glútea teve um efeito que deixaria o Dr. Rey com inveja. Dentro do compartimento há 402 litros de espaço para a bagagem, mais do que suficiente.
O Cruze Sedã me inveja. |
E já que falamos de fast food, o Cruze Sport6 é um legítimo peso-pesado. São 1.410 kg de massa, forçando o coração 1.8 16V Ecotec6 a trabalhar duro com seus 140/144 cv @ 6300 RPM de potência e 17,8/18,9 mkgf @ 3800 RPM de torque (gasolina/etanol). Aliás, se a visível predileção da Chevrolet pelo número 6 lhe intriga, isto é devido às 6 marchas disponíveis tanto na caixa manual quanto na automática.
A avaliação do hatch foi breve e não foi possível andar com a versão manual, infelizmente. Mas de uma forma geral, foi possível traçar uma comparação mental com outros hatches médios do mercado e apontar se a compra do Cruze Sport6 é recomendável para a sua mãe, ou então para aquele camarada divertido que adora levar salada de rúcula e cerveja sem álcool para o churrascão de domingo.
"Boemia, aqui me tens de regresso." |
Dando uma volta pelo exterior do modelo, fico animado com as formas da carroceria. A dianteira casa pouco com a traseira, são como ying e yang, mas a retaguarda do Sport6 é tão agradável que a ligeira desproporção da dianteira é relevante. As rodas de 5 raios e aro 17 são lindas e reforçam a proposta de esportividade. Nos vidros traseiros bem inclinados achei interessante a existência de aletas plásticas, que a Chevrolet informou servirem para manter o vidro livre de sujeira levantada pelas rodas.
No interior, bancos forrados de couro deixam uma boa impressão inicial. Há, de série na versão LTZ, um agradável teto solar elétrico, de tamanho correto. Um display LCD de 7" toma conta do topo do painel, proporcionando acesso ao navegador GPS e outras funções do carro. O espaço interno é amplo na dianteira, mas os passageiros do banco de trás, se cresceram demais, sofrerão com pouco espaço para as pernas. Pelo menos os bancos são macios na medida certa.
A posição de dirigir do Cruze Sport6 se tornou o meu novo padrão de referência entre os carros nacionais. O banco do motorista possui ampla regulagem de altura e distância. Já a coluna de direção é regulável em altura e profundidade. Com facilidade, logo você estará tão perto do chão que terá a impressão de que todos os outros carros aderiram ao salto alto e viraram "aventureiros urbanos". E para reforçar o prazer ao motorista, esse volante é uma delícia, fica devendo bem pouco ao perfeito volante usado pelo Fiat Punto e afins.
Em movimento, noto que o motor trabalha bem em conjunto com a caixa automática, oferecendo um desempenho correto. Não emociona nem irrita, apenas satisfaz. As acelerações são progressivas e acompanhadas pelo som abafado e agradável do escapamento. Nas retomadas, o câmbio entende imediatamente o significado do kick down e reduz as marchas com agilidade, mostrando que foi feito um bom trabalho de escalonamento das marchas ali, dando ao motor 1.8 uma força que ele não tem.
A tal falta de força só fica evidente no consumo. Iniciei a avaliação zerando o computador de bordo, para ver se o motor Ecotec6 estava mais comedido nos hábitos etílicos. Ledo engano, uma média de 7,8 km/l em um percurso predominantemente rodoviário estava lá para me assustar. Felizmente há um recurso no GPS (versão LTZ) que mostra os postos de reabastecimento mais próximos quando a autonomia total estiver abaixo de 50 km.
Pareço bom de curva? É verdade, eu sou. |
Espero um dia poder levar o hatch para uma estradinha cheia de curvas e ter uma noção melhor do que o carro é capaz. Mas nesse breve contato, foi possível ver que o equilíbrio dinâmico do carro não maltrata os pneus Kumho Solus KH 17 de medida 225/50 R17. A distribuição de peso denota um carro com tendência subesterçante, mas o ESP de série em ambas as versões contribui para manter as coisas no seu devido lugar. Também nesse quesito ele não emociona, mas agrada.
Ao fim a avaliação, fica claro que o Cruze Sport6 é um bom produto. É aquele hamburguer do cardápio que traz o suficiente, carne, queijo, bacon e molho. Não é ousado como aquele lanche apimentado ao lado e nem insosso como o hamburger vegetariano na segunda página. E tudo seria para a nossa alegria se não fosse o preço. Ainda que seja bem equipado, confortável, moderno e ótimo para dirigir, é caro. Sua versão LT custa mais do que o Peugeot 308 Allure 2.0 e anda muito menos. Custa mais do que o Focus GLX 2.0 e não tem a mesma dirigibilidade. Custa muito mais do que o Nissan Tiida SL e bebe muito mais também.
Mas não há como negar que é bonito. Uns mencionam a semelhança com o Fiat Bravo, o que é um elogio e tanto, mas ao vivo eu arrisco dizer que o Chevrolet Cruze Sport6 supera o rival italiano em beleza. Só que como dizem por aí, beleza não põe mesa, exceto para aquele cara que entra no restaurante fast food meio indeciso e é seduzido pela foto do hamburguer mais bonito
Resumindo...
O carro é bom em beleza, comportamento dinâmico, conforto e prazer ao dirigir, mas é ruim em espaço traseiro, consumo e preço elevado. Sua compra pode ser considerada EMOCIONAL.
O carro é bom em beleza, comportamento dinâmico, conforto e prazer ao dirigir, mas é ruim em espaço traseiro, consumo e preço elevado. Sua compra pode ser considerada EMOCIONAL.
Texto: Marcelo Silva
Fotos: Divulgação
Acredito que o preço será restritivo para o deslanchar das vendas; especialmente, quando não for mais uma novidade no mercado. Desempenho e consumo, também. Pelas fotos, parece ser bonito. Sua avaliação foi bastante esclarecedora. Márcio/SJC
ResponderExcluirGostei do Comentário... mas fico com o 308 Allure 2.0 Manual... de qualquer forma vou dar uma passada na concessionária para experimentar esta sexta marcha... somente vista no Antigo Peugeot 306 GTI... Bruno/RS
ResponderExcluirCara vc n sabe mesmo de carro da onde q o 308 êh mais bunito ? vc q deve ser um ... q leva salada e bera sem alcool num gol
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