A expressão "em time que está ganhando não se mexe" é tão idosa quanto arriscada, mas é levada em consideração sempre que possível. E assim fez a VW no face-lift de seu veículo líder de mercado. O novo VW Gol, modelo 2013.2 (é o segundo modelo 2013 lançado esse ano), recebeu uma atualização no seu visual, permitindo que ele não seja mais visto com preconceito por seus primos maiores e mais caros. Se a atualização parece suficiente para encarar Fiat Uno e Fiat Palio, será que será capaz de absorver as ofensivas de Hyundai HB20, Toyota Etios e Chevrolet Onix?
Com o VW Gol Power, inauguramos uma nova estrutura para as Impressões do Direção Assistida. Agora iremos separar os detalhes do veículo em tópicos, com textos objetivos para providenciar acesso rápido à informação desejada. Evidentemente, a temática descontraída do blog não será deixada de lado.
Exterior
Tive contato com o "meu" VW Gol Power no pátio ensolarado da montadora alemã. Branco, ele permitia que os novos detalhes visuais fossem bem identificados em um primeiro olhar. Na minha opinião, essa identidade visual da Volkswagen é bem resolvida, sem ousadias, sem exageros, simplesmente interessante. É como uma moça que usa maquiagem na medida certa, saindo de casa sem olheiras mas sem fazer cover de Pikachu.
Em relação ao Gol G5 original, o carro agora passa um aspecto maior de refinamento e esportividade na dianteira, abandonando os convencionais faróis de neblina redondos. Na retaguarda, o compacto pediu ao cirurgião plástico um traseiro igual ao do Polo europeu. Não foi um trabalho a lá Ivo Pitanguy, mas lembra bastante o primo rico que mora na gringolândia. Ao lado do "meu" Gol, havia um Gol G5 original e, comparando seus traseiros, é como comparar Juju Panicat com Valesca Popozuda, ou seja, exuberância versus desproporcionalidade.
Interior
Os bancos continuam com o mesmo aspecto de carro de entrada, como antes, mas o novo revestimento combinando dois tons (imitando o Ka Sport), é bem interessante. O painel conta com algumas melhorias nos botões do ar-condicionado e uma evolução do rádio, que agora mostra uma visualização gráfica do sensor de estacionamento traseiro, apesar de não ter se tornado double-din, para a tristeza da galera viciada em centrais multimídia nos carros. Apesar das evoluções, as saídas de ar redondas e horríveis continuam lá, estragando o belo visual.
Em compensação, as hastes atrás do volante agora seguem o padrão Polo, fazendo com que o acionamento dos faróis volte a ser por meio de um prático interruptor giratório, como era no Gol G3 por exemplo. Outra aberração que deixou de existir foi o pino para travar/destravar portas. Tão simples como remover uma verruga, não é possível entender como sobreviveu tanto tempo no interior deste carro.
O divertido de dirigir um veículo alemão é que os comandos estão sempre no lugar esperado, e esse Gol não faz diferente. Apenas os comandos dos vidros elétricos traseiros continuam no meio do painel, poluindo o visual e deixando a impressão de que algum engenheiro francês passou algum tempo trabalhando para a Volkswagen.
A posição de dirigir é boa, graças às múltiplas possibilidades de regulagem de bancos e volante. O espaço na frente é suficiente para a minha altura, em qualquer um dos assentos. Atrás, o espaço continua minguado, mas as mesmas pessoas que viajam sem reclamar no Palio também se acomodarão no Gol sem qualquer pingo de irritação. Mas sequer pense em colocar passageiros de um Sandero no banco traseiro do hatch das auto.
Equipamentos
O Gol passou a vir mais recheado de série, alterando pouca coisa nos preços do G5 original. Todo Gol agora vem equipado com vidros e travas elétricas, painel com conta-giros e outros itens. Mas o indispensável ar-condicionado continua sendo opcional, sempre.
A nova central eletrônica permitiu avanços no I-System, que agora é mais comunicativo e oferece novas funções. O modo de economia de combustível (ECO Confort) fornece dicas interessantes ao motorista, mas é dispensável. Seria mais interessante oferecer cruise-control opcional, coisa que seu rival Fiat Palio oferece. Ei Volkswagen, vamos acordar!
Mecânica
O motor é o 1.6 EA-111 de sempre, com 101 cv @ 5200 rpm e 15,4 kgfm @ 2500 rpm com Gasolina e 104 cv @ 5250 rpm e 15,6 kgfm @ 2500 rpm com Etanol. Números de potência e torque, respectivamente. E o que também não muda é o frutoso casamento deste propulsor com a caixa de câmbio MQ200, que é a melhor caixa do mercado nacional, e eu não canso de repetir isso.
Freios à disco ventilado na dianteira e tambores traseiros ficam guardados dentro de belas rodas aro 16 (opcionais) com sedutores pneus Pirelli P7 195/50 R16 emoldurando-as. Esse pneu, em combinação com o bem calibrado conjunto de suspensão McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, permitem ao Gol usufruir de um comportamento ainda mais delicioso em curvas, e olha que esse sempre foi um bom predicado do modelo.
Segundo a VW, o motor EA-111 recebeu algumas melhorias, com alterações pequenas para gerar menor atrito entre os componentes, entregando um melhor rendimento e maior suavidade de funcionamento. Na prática não vi diferença significativa no funcionamento, só que diante de tantas novidades em seus concorrentes, a dona Volks não poderia deixar de buscar alguma qualidade em seu rebento recém saído da operação plástica.
Mas afinal, é uma compra racional ou emocional?
É gratificante se posicionar no banco do motorista e achar comandos sempre à mão, instrumentos bem visíveis, amplas regulagens e um carro com comportamento correto. E assim é o Gol. Dentro dele (quase) tudo é da forma que o consumidor quer, desde as respostas dinâmicas até o computador de bordo completíssimo e bem localizado. Mas tudo tem o seu preço.
No breve teste de rodagem, era delicioso ver o motor EA-111 roncar grave e chupar cada marcha do câmbio MQ200, enquanto meu pé esmigalhava o acelerador contra o assoalho nas retas mais longas. E quando as curvas se aproximavam, o pedal de freio com peso correto praticamente um instrutor de threshold braking. O ABS nem parecia que estava lá, tamanha era a boa resposta dos freios e a dificuldade de travar as rodas. Já durante as curvas, os pneus P7 cravavam suas garras no asfalto enquanto gemiam mais agudo que a Sharapova em uma partida de Grand Slam. Se fosse um pouco mais neutro nas curvas, o Gol seria supremo, mas o substerço está lá, e serve para lembrar que você está ao volante de um carro honesto.
A suspensão é bem calibrada, mas o rodar do carro é ligeiramente duro com os pneus de perfil tão baixo, gerando ruídos e sacolejos no interior da cabine. Em um trecho de asfalto lunar ou paralelepípedos, o dono de um Gol passará vergonha quando convidar o dono de um Palio ou Uno para uma voltinha. Na dúvida, melhor escolher só as vias bem pavimentadas. De qualquer forma, esse não é um carro barulhento ou desconfortável, apenas não agrada a ouvidos (e labirintos) mais sensíveis.
O consumo médio cidade/estrada ficou em belos 10,7 km/l de Etanol, de acordo com o I-System. É uma boa marca, pois em momento algum dirigi o carro de forma econômica, apesar dos avisos da funcionalidade ECO Confort presente no computador de bordo da nova linha.
E como eu disse logo acima, tantos bons predicados cobram o seu preço. Na versão Power, como avaliei, os preços partem de R$ 38.290, com travas e vidros elétricos, ABS e duplo airbag frontal. Ar-condicionado? É opcional por R$ 2.585. Caso o cliente esteja interessado em um Gol Power 1.6 com câmbio manual e totalmente equipado, deve pagar R$ 46.906. É mais caro que os R$ 46.246 um Palio Sporting manual equipado com cruise control, sensores de chuva e crepuscular, airbags laterais e teto solar elétrico, itens que o Gol nem pensa em oferecer.
Vale a pena? Vale. Esse carro possui um excelente comportamento dinâmico e uma excelente habitabilidade. Mas vale o quanto custa? Não vale. O carro não oferece tantos itens de série quanto deveria e seus opcionais estão aquém dos oferecidos por um de seus maiores concorrentes. Portanto, o Gol 1.6, na versão Power é considerado uma compra EMOCIONAL.
Texto: Marcelo Silva
Fotos: Divulgação
Bom saber. Estou à procura de um carro para trabalhar. O meu primeiro carro (mas não o primeiro que com que vou trabalhar, pois já o fiz com um gol 97 1.0).
ResponderExcluirGol é duro até em ruas americanas. Estou 3 anos com um gol g5 1.0
ResponderExcluirtirado zero, a única que eu que vale apena é o cambio. Suspensão tira todo o prazer de dirigir, olha que eu vim de um celta 2004.
Estou para trocar de carro pego até seminovo, minha mulher quer um march 1.6 zero, mas ouvir dizer que e durinho, alguém da uma dica de carro macio, menos fiat.
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