1. Via Lagos (carro vazio, só o motorista)
Apesar de a Via Lagos (RJ-124) não possuir mureta divisória na maior parte do seu percurso, o ritmo de viagem nela é de uma estrada de mão única, afinal o tráfego segue sempre em duas pistas para cada sentido. E nessas condições, o motor VHT 1.0 do Gol não enfrenta nenhuma dificuldade para lidar com os 935 kg do carro. Mesmo enfrentando leves subidas, praticamente não é necessário reduzir marcha para manter um ritmo de 100 km/h.
O carro tem um bom isolamento acústico no geral, mas o ruído do motor começa a incomodar muito cedo, e o câmbio de relações bem curtas não ajuda nesse aspecto. Ruídos aerodinâmicos não se fazem presentes até 120 km/h, e o barulho dos pneus em contato com o solo pouco incomoda a viagem.
Essa versão avaliada não possui regulagem de altura/distância do volante, mas com a regulagem de altura do assento do motorista, a tarefa de encontrar uma boa posição de dirigir não é complicada. Os bancos possuem aspecto simples, tanto no revestimento quanto no formato, mas são cumpridores de sua função, não cansando o corpo após horas de viagem, além de segurar bem nas curvas.
O comportamento dinâmico do Gol na estrada é exemplar, com pouca rolagem de carroceria, mesmo em curvas fechadas, apesar de os pneus Goodyear GT2 175/70 R14 jogarem contra a boa suspensão. Os freios possuem boa modularidade com respostas eficientes e pouca tendência ao travamento. Sua direção é firme e direta, transmitindo segurança ao condutor em todos os momentos.
Mantendo sempre o ritmo constante de 100 km/h, o consumo com etanol ficou em excelentes 12,8 km/l medidos na bomba, visto que o carro avaliado não possuía computador de bordo.
2. BR-040 (carro cheio, quatro pessoas)
A rodovia BR-040 no trecho entre Petrópolis (RJ) e Itaipava (RJ) é uma excelente estrada, com asfalto impecável, boa sinalização e ótimas paisagens. A contrapartida é que seu relevo com subidas, descidas e curvas variadas costuma exigir bastante do conjunto mecânico do carro.
Com o carro cheio, acrescentando cerca de 350 kg à massa do carro, o motor sofreu para entregar bom rendimento na estrada. Em linha reta, o carro acelera com certa morosidade mas consegue manter velocidade de cruzeiro, mas em subidas é indispensável reduzir uma ou duas marchas para elevar o giro e obter bom desempenho do bloco 1.0.
Nessas condições de giro elevado, o motor teima em falar mais alto do que os ocupantes, e se intromete em qualquer conversa. Desligar o ar-condicionado é uma alternativa para ajudar o pequeno propulsor, mas com as janelas abertas o ruído se torna pior, causando até ligeira irritação.
O espaço interno é satisfatório para quatro pessoas. Com o banco do motorista regulado para os meus 1,90 m, uma pessoa 10 cm mais baixo viajaria sem problemas atrás de mim. No banco traseiro o corpo fica pouco apoiado, mas a densidade da espuma também é cumpridora da sua função, como nos bancos dianteiros.
A suspensão continua fazendo bom trabalho, mesmo com carga extra. Novamente destaco o péssimo desempenho dos pneus, que demonstraram aquecimento excessivo fazendo o carro perder estabilidade progressivamente ao longo do percurso, mesmo calibrados com o índice recomendado pelo manual. As saídas de frente nesse caso são corrigidas com facilidade, mas incomoda. Os freios não sofreram efeitos de fading, mesmo com uso severo.
Como não poderia ser diferente, o consumo foi severamente afetado pela carga extra, e o carro registrou 9,5 km/l com etanol.
Texto e fotos: Marcelo Silva
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